domingo, 8 de junho de 2008

Os Sete Pecados Capitais

Certo dia, um casal ao chegar do trabalho encontrou algumaspessoas dentro de sua casa. Achando que eram ladrões,marido e mulher ficaram assustados, mas um homem forte esaudável, com corpo de halterofilista disse:- Calma pessoal, nós somos velhos conhecidos e estamosem toda parte do mundo.- Mas quem são vocês? - pergunta a mulher.- Eu sou a Preguiça - responde o homem másculo.- Estamos aqui para que vocês escolham um de nós para sairdefinitivamente da vida de vocês.- Como pode você ser a preguiça se tem um corpo de atletaque vive malhando e praticando esportes? - indagou a mulher.- A preguiça é forte como um touro e pesa toneladas nos ombrosdos preguiçosos, com ela ninguém pode chegar a ser um vencedor.Uma mulher velha curvada, com a pele muito enrugada, que maisparecia uma bruxa diz:- Eu, meus filhos, sou a Luxúria.- Não é possível! - diz o homem - Você não pode atrair ninguémcom essa feiúra.- Não há feiúra para a luxúria, queridos. Sou velha porque existohá muito tempo entre os homens; sou capaz de destruir famíliasinteiras, perverter crianças e trazer doenças para todos até a morte.Sou astuta e posso me disfarçar na mais bela mulher.E um mal-cheiroso homem, vestindo roupas maltrapilhas, quemais parecia um mendigo, diz:- Eu sou a Cobiça, por mim muitos já mataram, por mim muitosabandonaram famílias e pátria; sou tão antigo quanto a Luxúria,mas eu não dependo dela para existir.- E eu, sou a Gula - diz uma lindíssima mulher com um corpoescultural e cintura finíssima.Seus contornos eram perfeitos e tudo no corpo dela tinhaharmonia de forma e movimentos.Assustam-se os donos da casa, e a mulher diz:- Sempre imaginei que a gula seria gorda.- Isso é o que vocês pensam! - responde ela. - Sou bela eatraente, porque se assim não fosse seria muito fácillivrarem-se de mim.Minha natureza é delicada, normalmente sou discreta, quemtem a mim não se apercebe, mostro-me sempre disposta aajudar na busca da luxúria.Sentado em uma cadeira num canto da casa, um senhor, tambémvelho, mas com o semblante bastante sereno, com voz doce emovimentos suaves, diz:- Eu sou a Ira.Alguns me conhecem como cólera. Tenho muitos milênios também.Não sou homem, nem mulher, assim como meus companheirosque estão aqui.- Ira? Parece mais o vovô que todos gostariam de ter! - diz adona da casa.- E a grande maioria me tem! - responde o vovô.- Matam com crueldade, provocam brigas horríveis e destroemcidades quando me aproximo.Sou capaz de eliminar qualquer sentimento diferente de mim,posso estar em qualquer lugar e penetrar nas mais protegidascasas. Mostro-me calmo e sereno para mostrar-lhes que a Irapode estar no aparentemente manso. Posso também ficarcontido no íntimo das pessoas sem me manifestar, provocandoúlceras, câncer e as mais temíveis doenças.- Eu sou a Inveja.Faço parte da história do homem desde a sua criação,- diz uma jovem que ostentava uma coroa de ouro cravada dediamantes, usava braceletes de brilhantes e roupas de finopano, assemelhando-se a uma princesa rica e poderosa.- Como inveja, se é rica e bonita e parece ter tudo o que deseja?- diz a mulher da casa.- Há os que são ricos, os que são poderosos, os que sãofamosos e os que não são nada disso, mas eu estou entre todos.A inveja surge pelo que não se tem e o que não se tem é afelicidade. Felicidade depende de amor, e isso é o que de maiscarece a humanidade... Onde eu estou, está também a Tristeza.Enquanto os invasores se explicavam, um garoto, queaparentava cerca de cinco a seis anos, brincava pela casa.Sorridente e de aparência inocente, característica das crianças,sua face de delicados traços mostravam a plenitude dajovialidade, olhos vívidos...E você, garoto, o que faz junto a esses que parecem ser apersonificação do mal?O garoto responde com um sorriso largo e olhar profundo:- Eu sou o Orgulho.- Orgulho? Mas você é apenas uma criança?Tão inocente como todas as outras. O semblante do garototomou um ar de seriedade que assustou o casal, e ele então diz:- O orgulho é como uma criança mesmo, mostra-se inocente einofensivo, mas não se enganem, sou tão destrutível quantotodos aqui, quer brincar comigo?A Preguiça interrompe a conversa e diz:- Vocês devem escolher quem de nós sairá definitivamente desuas vidas. Queremos uma resposta.O homem da casa responde:- Por favor, dêem dez minutos para que possamos pensar.O casal se dirige para seu quarto e lá fazem várias considerações.Dez minutos depois retornam.- E então? - pergunta a Gula.- Queremos que o Orgulho saia de nossas vidas.O garoto olha com um olhar fulminante para o casal, poisqueria continuar ali.Porém, respeitando a decisão dirige-se para a saída.Os outros, em silêncio, iam acompanhando o garoto quandoo homem da casa pergunta:- Ei! Vocês vão embora também?O Menino, agora com ar severo e com a voz forte de umorador experiente, diz:- Escolheram que o Orgulho saísse de suas vidas e fizeram amelhor escolha. Porque onde não há orgurlho, não há Preguiça,pois os preguiçosos são aqueles que se orgulham de nadafazer para viver ... não percebendo que na verdade vegetam.Onde não há orgulho não há luxúria, pois os luxuriosostêm orgulho de seus corpos e julgam-se merecedores.Onde não há orgulho, não há cobiça, pois os cobiçosostêm orgulho das migalhas que possuem, juntando tesourosna terra e invejando a felicidade alheia, não percebendo quena verdade são instrumentos do dinheiro.Onde não há orguho, não há gula, pois os gulosos se orgulhamde suas condição e jamais admitem que o são, arrumamdesculpas para justificar a gula, não percebendo que na verdadesão marionetes dos desejos.Onde não há orgulho, não há ira, pois os irosos com facilidadedestroem aqueles que, segundo o próprio julgamento,não são perfeitos, não percebendo que na verdade sua ira éresultado de suas próprias imperfeições.Onde não há orgulho, não há inveja, pois os invejosossentem o orgulho ferido ao verem o sucesso alheio seja elequal for; precisam constantemente superar os demais nasconquistas, não percebendo que na verdade são ferramentasda insegurança.Saíram todos sem olhar para trás, e, ao baterem a porta,um fulminante raio de luz invadiu o recinto.O casal desintegrou-se...Dizem que viraram Anjos!

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